O meu trabalho na Europa está feito.” Foi com esta frase forte que Cristiano Ronaldo se apresentou no Al Nassr, clube da Arábia Saudita onde poucos acreditavam que poderia vir a terminar a carreira. Para trás ficaram as várias conquistas e os momentos marcantes que levaram o português ao topo do mundo do futebol e do desporto, alguns deles também com a camisola da seleção portuguesa com a qual alcançou o estatuto de melhor marcador de todos os tempos. Agora que possivelmente terminou, revisitamos a carreira de CR7 pelo seu país.

A rápida ascensão e as primeiras desilusões

A carreira de Cristiano Ronaldo na seleção nacional começa no Campeonato Europeu de Sub-17 de 2002, uma edição em que Portugal não passou dos grupos. Na altura, CR17 foi titular no primeiro jogo do grupo frente à França (derrota por 0-2), e no último frente à Ucrânia (vitória por 1-2), não tendo apontado qualquer golo.

Em 2003, Ronaldo estreou-se como sénior num amigável frente ao Cazaquistão e um ano depois alinhou no EURO 2004, uma memória dura para todos os portugueses. O jovem que já dava nas vistas no Manchester United acabou com dois golos e participou na sua primeira final internacional. Numa noite em que todas as casas de apostas estariam a favor, Portugal perdeu contra a Grécia, em casa, num jogo em que um muito jovem Ronaldo saiu em lágrimas. Mais tarde nesse mesmo ano, também representou a seleção portuguesa nos Jogos Olímpicos… na Grécia, com um golo apontado, mas sem grande brio.

Sucesso individual, fracasso coletivo

Seguiu-se o Mundial 2006 na Alemanha, em que Portugal fez a segunda melhor prestação de sempre ao terminar no quarto lugar. Já com o 7 nas costas e um estatuto elevado nos ‘Red Devils’, Ronaldo era uma das estrelas da equipa nacional que venceu o grupo e eliminou equipas como a Holanda e a Inglaterra. Contudo, Ronaldo apontou apenas um golo nesse Mundial, de penalti frente ao Irão na fase de grupos.

As bolas de ouro começariam a chegar, mas as principais competições internacionais dos dez anos seguintes não fizeram jus ao legado que Ronaldo já estava a construir. A melhor prestação foram as meias-finais do EURO 2012, no qual o jogador foi decisivo operando a reviravolta contra a Holanda na fase de grupos (2-1) e apontando o único golo da partida dos quartos de final frente à República Checa. Pelo meio ficou o EURO 2008 e o Mundial 2010, sendo que neste último apontou um golo na goleada história frente à Coreia do Norte por 7-0  e acabou com um jejum de mais de um ano sem marcar pela seleção.

No play-off de qualificação para o Mundial 2014, Ronaldo teve um dos seus jogos mais notáveis ao apontar o hat-trick frente à Suécia (2-3) que valeu o apuramento para o Brasil. Infelizmente, na competição propriamente dita, Portugal teve uma das suas mais participações mais decepcionantes ao ficar pela fase de grupos.

Finalmente, a glória

E eis que chega o EURO 2016, o momento mais marcante de Ronaldo ao serviço da seleção. Neste torneio que Portugal venceu (sem ele em campo na maior parte da final), o extremo acabou com três golos, dois deles frente à Hungria na fase de grupos que evitou a eliminação precoce de Portugal num dos encontros mais emocionantes da competição.

Dois anos depois, no Mundial da Rússia, CR7 teve outro dos encontros mais memoráveis ao apontar outro hat-trick que deu o empate com a Espanha logo no primeiro jogo. Depois da frustrante eliminação nesse Mundial, Ronaldo só voltou à seleção para a fase final da Liga das Nações, que Portugal organizou e venceu em 2019, e no qual apontou novo hat-trick, desta vez à Suíça. Passados dois anos, apesar da eliminação pela Bélgica nos oitavos de final, foi o melhor marcador do EURO 2020 com cinco golos.

O sonho nunca alcançado

No Mundial 2022, aquele que com grande probabilidade foi o seu último, Ronaldo marcou no primeiro jogo frente ao Gana e tornou-se o primeiro jogador da história a marcar em cinco Mundiais. A seleção portuguesa chegou aos quartos de final pela primeira vez desde 2006, mas o sonho de Ronaldo vencer o troféu que lhe faltava terminou com a derrota frente a Marrocos.

Embora o próprio não tenha confirmado o fim da sua carreira internacional, caso fique por aqui Cristiano Ronaldo retirar-se-ia com 118 golos em 196 partidas. Ou, por outras palavras, o maior artilheiro de sempre e o jogador com mais jogos da história das seleções nacionais.