O atacante surgiu das cinzas para marcar o gol mais importante da história da seleção portuguesa de futebol
Dez de julho de 2016 ficará marcado na história do futebol português. O primeiro título, a volta por cima e a emoção de gritar “É campeão!” pela primeira vez. Tudo isso por conta de Ederzito António Macedo Lopes, o Eder. Claro, no futebol nada se resolve sozinho, mas o chute de Eder foi de rara felicidade de um dos jogadores que sequer figurava entre as principais opções no banco.

O bom de falar sobre o passado é que de certa forma já sabemos o que aconteceu. No caminho até o minuto 109 da final contra a França, tudo poderia ter parado na tenebrosa fase de grupos. Três jogos e três empates: Islândia (1-1), Áustria (0-0) e Hungria (3-3), colocaram a seleção na próxima fase sem muitas expectativas.
Nas oitavas, classificação na prorrogação contra a Croácia com um gol de cabeça de Quaresma. Depois, o avanço nos pênaltis contra a Polônia foi dando esperança para os quase 11 milhões de portugueses e os outros milhões de simpatizantes. A semifinal até que foi mais tranquila com um 2-0 diante de País de Gales. Trajetória inesperada e para emocionar até o torcedor mais frio e calculista.
Mas aí chegamos no ato. Na final, os holofotes estavam em cima de Cristiano Ronaldo, porém, a lesão no primeiro tempo afastou o craque. Era como assistir à um filme de Hollywood sem a estrela principal. Como diria a minha mãe, é como ir à Portugal e não visitar Fátima.
Agora, quem seria capaz de parar a poderosíssima Geração Francesa? Afinal, era de fato espetacular e, dois anos depois, levou a Copa do Mundo. Entretanto, naquela noite parisiense, poucos apostavam no brilhantismo de Rui Patrício e liderança de Nani. Gigantes. O arqueiro arrisco a dizer que fez uma das maiores atuações da carreira, mas nada disso seria lembrado se não fosse Eder.
+ Fernando Santos é o treinador da Seleção Portuguesa com mais jogos, vitórias e títulos na história
Quando o Fernando Santos tirou o Renato Sanches para colocar o atacante, eu diria que 98% das pessoas que estavam acompanhando a partida xingaram o treinador português. Afinal, era um dos melhores jogadores da competição saindo para o atacante que não tinha feito nenhum gol.
O esporte é apaixonante justamente por isso. Não tem lógica, razão e explicação. Não foi uma jogada de cinema, não teve brilhantismo. Foi aos trancos e barrancos que Éder arrancou e chutou. Foram poucos segundo desde que a bola saiu do seu pé até balançar as redes do Stade de France. O herói improvável assinou o capítulo final.
Para quem tinha perdido em casa para a Grécia, em 2004, o destino tratou de ser gentil e deu uma segunda chance. Coube a Eder fazer o gol para entrar na história. Podem se passar mais dez, cinquenta e até cem anos, o gol do primeiro título de Portugal veio de Ederzito António Macedo Lopes, o Éder. O destino quis que um jogador nascido em Guiné Bissau marcasse o gol mais importante do futebol português.
Obrigado, Eder, mil vezes obrigado!