Depois de três edições, Portugal volta a ter três times na fase de grupos da maior competição europeia
Sporting, Porto e Benfica são os clubes portugueses que mais participam da Liga dos Campeões. Desta vez, os Leões chegam como campeões nacionais depois de 19 anos e, por isso, foram cabeças-de-chave e reforçaram bem o seu elenco. O Porto vem de uma campanha surpreendente na última edição e para essa manteve as suas principais estrelas. Enquanto o Benfica, superou o trauma dos play-offs da temporada passada e reforçou seu elenco para buscar competir forte em todos os torneios.
Com o início dos jogos da fase de grupos nesta semana, se liga o que podemos esperar da participação portuguesa na Champions.
Começando com o atual campeão português, o Sporting está no grupo C ao lado do Ajax, Besiktas e Borussia Dortmund. Um grupo nada fácil para o time de Rúben Amorim que terá como principal desafio manter a qualidade e intensidade mostrada na última temporada, mas com um calendário mais cheio.
A principal característica do sucesso sportinguista foi justamente o esquema com três zagueiros apoiados em um forte meio campo e laterais com bastante liberdade ofensiva. A combinação do elenco foi quase que perfeita com a juventude de Pedro Gonçalves e Nuno Mendes com a experiência de peças como Adán e Coates, sem contar com o olhar atento ao mercado como Pedro Porro.
Desde a temporada 2017/18 que Portugal não tinha três clubes na fase de grupos da Liga dos Campeões. Na ocasião, Benfica e Porto chegaram direto e o Sporting precisou passar pelo Steaua București da Romênia nos play-offs.
Para este ano, Rubén Amorim manteve o esquema, mas algumas peças mudaram. A principal delas é na esquerda com a saída de Nuno Mendes para o PSG. No caminho inverso, a chegada de Rúben Vinagre, do Wolverhampton, repõe a jovialidade na lateral. A chegada de Ricardo Esgaio para dar outra opção na lateral direita e a aposta no jovem promissor uruguaio Ugarte revelam um Sporting buscando repetir o sucesso, tendo um plantel mais robusto.
Mas, sem dúvidas, o mercado dos Leões chama atenção para Pablo Sarabia. O espanhol, que esteve com a Fúria na última Euro, chega para ser um dos maiores jogadores do campeonato português. Traz criatividade, força e habilidade para um time que tentará o bicampeonato e surpreender na Champions. Um avanço de fase parece difícil diante de Borussia e Ajax, mas é possível fazer frente e buscar, ao mínimo, uma vaga na Liga Europa.

Já o Futebol Clube do Porto está no grupo B, considerado por muitos o grupo mais equilibrado e difícil desta edição. Ao lado de Atlético de Madrid, Liverpool e Milan, os dragões terão pela frente um tortuoso caminho se quiserem avançar de fase.
Desde 2017 no comando dos azuis e brancos, Sérgio Conceição enfrentou uma janela de transferências que não foi uma das melhores. Em resumo, o Porto seguiu à risca a ideia de manter mais importante do que comprar. O tripé do time: Luis Díaz, Sérgio Oliveira e Corona era bastante desejado na Europa, mas permaneceram. Apesar da saída de Marega, Toni Martínez tem um bom início de temporada e mostra ser uma boa opção no ataque, seja ao lado de Taremi ou como homem referência.
A chegada dos brasileiros Pepê e Wendell também agregam bastante. O destaque em potencial que é Pepê e a consistência e regularidade que Wendell pode trazer à lateral esquerda do Porto, que sofre desde a saída de Alex Telles. Em contrapartida, nenhuma grande venda foi feita, por isso, no mercado de inverno, algum encaixe financeiro será necessário.

O Porto terá um grande reencontro com o Liverpool. O time inglês eliminou os dragões em duas temporadas consecutivas nos últimos anos. Em 2017/18, foi eliminado nas oitavas e, no ano seguinte, nas quartas de final quando inclusive os ingleses vieram a se sagrar campeões europeus. Ou seja, os Reds tem sido uma pedra no sapato para o Porto.
Na última edição, o Porto chegou até as quartas de final quando foi eliminado para o futuro campeão Chelsea. Campanha que ficou marcada por terem eliminado a Juventus de Cristiano Ronaldo fora de casa.
Para seguir em frente, o Porto precisará pontuar em casa com a ajuda do seu torcedor e beliscar alguns pontos como visitante. Apesar do Milan vir de algumas edições sem participar, é um adversário tradicional que impõe respeito. Assim como o Atlético de Simeone com peças novas como Matheus Cunha, de Paulo e Griezmann e o Liverpool de Salah, que tem sido um adversário indigesto aos portistas.
Por fim, o clube português que já passou por duas fases nesta edição: o Benfica. Os encarnados tiveram vida fácil contra os russos do Spartak e tiveram um confronto complicadíssimo diante dos holandeses do PSV até chegar à fase de grupos. Invicto na temporada, o time de Jorge Jesus chega preparado e confiante para evitar os falhanços das últimas épocas.

Como disse Jorge Jesus em entrevista coletiva antes do jogo contra o Dínamo, em Kiev, “O Benfica tem todas as condições para disputar vitórias com todos, sem receio.” A verdade é que o Bayern de Munique é a grande potência hoje o grupo e deve se classificar em primeiro. A tradição e retrospecto recente do Barcelona também dita respeito, porém os acontecimentos recentes do clube blaugrana preocupam como a saída de Lionel Messi e problemas financeiros. Com isso, fazem com que os encarnados possam sonhar na classificação. Isso certamente passa por não perder nenhum ponto sequer contra os ucranianos do Dínamo.
A última vez que o Benfica passou da fase de grupos foi na temporada 2016/17, quando, comandado por Rui Vitória, o time avançou em segundo lugar no grupo liderado pelo Napoli e que contava ainda com o Besiktas e o próprio Dínamo de Kiev. A eliminação veio nas oitavas diante do Borussia Dortmund.
Diferentemente da temporada passada quando sequer chegou à fase de grupos, o Benfica chega mais encorpado para este ano. Jorge Jesus tem mais de um ano de trabalho e com isso suas ideias estão mais enraizadas no time. Além disso, apesar de toda turbulência na saída do ex-presidente Luís Filipe Vieira, o clube conseguiu reforçar ainda mais o seu elenco, apesar das saídas de Carlos Vinícius e Waldschimdt.
As chegadas de João Mário, Meité, Yaremchuk, Gil Dias e Lazaro trouxeram peças a Jorge Jesus para ter um plantel equilibrado para poder assumir-se nas provas nacionais e europeias.
No fim, o futebol português volta a ter um bom momento europeu. Essa campanha ditará se Portugal permanecerá como 5° lugar no ranking da UEFA das principais ligas, o que implicará em mais reconhecimento, investimento e atração para os jogadores. A verdade é que nenhum clube terá vida fácil, aliás, é a Liga dos Campeões, mas é possível apresentar um bom futebol e recolocar o futebol português no topo.