Aproveitando a data de 123 anos do Vasco da Gama, uso deste espaço para falar do clube mais português no Brasil. Escrevi esta carta no início de 2020, mas, a cada dia que passa, ela parece fazer mais sentido. Independente de qual time torça, espero que curtam e compartilhem o sentimento: o que fizeram com você, Vasco?

Bom, talvez você não saiba quem eu seja porque eu não era nascido em 98 e nem nas suas grandes conquistas. Estava longe de existir quando você surgiu em 1898, mas eu te conheço mais do que você imagina.

Eu estudei você na escola. Você estava nas aulas de história, seja pelo tido herói português que chegou às Índias ou pelo pronunciamento de Getúlio Vargas em sua casa. Quando eu ligava a TV numa quarta a noite, você também estava lá. Desde pequeno te acompanho.

 Vasco campeão da Libertadores no ano de seu centenário, em 1998. (Reprodução: Perfil Oficial do Vasco)
Vasco campeão da Libertadores no ano de seu centenário, em 1998. (Reprodução: Perfil Oficial do Vasco)

Mas, em algum momento, eu não consigo mais te reconhecer. O Vasco que me apresentaram eu não conheci.

Infelizmente, as memórias que tenho de Dinamite são como presidente. O tempo não permitiu que visse talvez o maior jogador da nossa história. O tempo foi cruel.

Talvez a sua melhor memória seja o gol de Juninho no Monumental, mas eu só tive a oportunidade de ver pela televisão. Eu me lembro do Pedrinho chorando atrás do banco, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2008.

Chego até aqui sem saber explicar o que eu sinto por você. Eu só tive uma lembrança do que era o velho Vasco em 2011, mas foi tão rápido quanto uma montanha russa.

Apesar de tudo isso, o sentimento continua. Dizem que ele não pode parar. Mas é revoltante o que fizeram com você. Hoje até brincam. Virou motivo de piadas e chacotas.

Com orgulho da sua história, chego até aqui indignado por não ter vivido nem uma parte do que me contaram de você. De certa forma revoltado e triste, me pergunto todos os dias:

O que fizeram com você, Vasco?