Treinador busca seu primeiro título enquanto técnico e conquistar o bicampeonato da Libertadores para o Verdão.

Penafiel, 22 de dezembro de 1978. Nascia Abel Fernando Moreira Ferreira ou mais conhecido somente como Abel Ferreira, o treinador que, aos 42 anos, comandará o Palmeiras na final da Libertadores da América contra o Santos.

Antes de começar como técnico, Abel foi um jogador que atuava como lateral direito. Seu primeiro ano como profissional foi em 1997 atuando pela equipe da sua terra, o Penafiel.  

Abel não teve a vida fácil, teve que interromper antes do esperado a sua carreira como atleta. Uma lesão no joelho fez ele parar aos 34 anos. Sempre se destacou por ser um atleta bom de grupo, com muito vigor físico e que buscava entender as peças do jogo e do esquema tático. Isso nas palavras do treinador Jesualdo Ferreira, inspiração e com quem Abel aprendeu muito. Enquanto jogador acumulou passagens também pelo Guimarães, Braga e Sporting. Este último foi inclusive onde iniciou sua jornada enquanto técnico pela equipe Sub-19 na temporada 2011/12.

Abel pode ser o segundo técnico português a conquistar a Libertadores. O outro foi bem recente: Jorge Jesus venceu em 2019 o título com o Flamengo. Curioso fato é que no início de 2020, ambos se enfrentaram, só que com emblemas diferentes. O Benfica, de Jorge Jesus, foi eliminado nos playoffs da Champions League para os gregos do PAOK, que eram orientados por Abel Ferreira.

A brilhante campanha pelo clube grego fez com que despertasse ainda mais o interesse dos dirigentes palmeirenses. Pelo Palmeiras, foram 25 jogos com 14 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. Desempenho que levou o clube alviverde às finais da Libertadores, Copa do Brasil e até então a quinta posição do Campeonato Brasileiro.

No Palmeiras, Abel conseguiu fazer o que tem caracterizado toda sua carreira e como enxerga uma equipe de futebol: a mescla entre jogadores jovens com a experiência de atletas mais rodados. E leva isso para dentro de campo uma vez que não tem um esquema de jogo definido e atletas absolutamente titulares. Abel enxerga cada adversário da sua maneira e particularidade.

Além disso, o treinador não costuma aconselhar a contratação de atletas super badalados. Junto com a sua equipe técnica, gosta de trazer jogadores que respeitem a sua famosa tríade: atletas que atuam em ligas alternativas, cabem dentro do bolso do clube e, principalmente, tenham ótimas e constantes estatísticas. O sistema de análise da comissão técnica é fundamental nesse quesito.

Para analisar isso, basta olhar as últimas contratações do Verdão. Breno Lopes de 24 anos que marcou 9 gols e deu 2 assistências nos 19 jogos disputados pelo Juventude na Série B. Alan Empereur que chegou de empréstimo do Hellas Verona e Kuscevic vindo da Universidade Católica do Chile. São alguns exemplos do garimpo realizado pela equipe técnica.

Autointitulado estrategista, Abel não esconde ser fã do Football Manager, afinal, é gente como a gente. O jogo dá a oportunidade de todo gamer comandar como técnico o seu time de futebol. Bom, Abel parece que conclui o sonho de toda criança de colocar na vida real a fantasia do videogame.

Particularmente, o treinador mostra que não é nenhum herói frio e calculista. Nas suas entrevistas coletivas, expressa-se ao extremo, traz toda a emoção de um técnico indignado também com os erros do futebol. Foi assim enquanto comandava o Braga e criticou a arbitragem do jogo. Abel não deixa nada por dizer, nada nas entrelinhas.

Abel Ferreira como de costume fica agachado na beira do gramado comandando o Palmeiras. Foto: Cesar Greco

Curiosidade ou não, foi contra um clube com raízes portuguesas que fez a partida que antecede talvez o jogo mais importante da sua ainda breve passagem como treinador. Coincidentemente, foi contra o Vasco o último jogo antes da Final da Libertadores.

Talvez Abel discordasse de mim nesse momento porque ele já comentou diversas vezes que seu objetivo não é ganhar títulos, mas “querer ser melhor todos os dias, como homem e como treinador, em melhorar os meus jogadores e em estudar o fenômeno do futebol”. Ser cada dia mais competitivo e não necessariamente é necessário rotular como o maior ou menor desafio.

O primeiro e único título da Libertadores do Palmeiras contou com Luís Felipe Scolari como treinador. Felipão foi um eterno selecionador da Seleção das Quinas posteriormente. Será Abel o segundo? Será a relação portuguesa tão presente em um clube de origens italianas como o Palmeiras?

São muitos questionamentos que só poderão ser respondidos após o espetáculo final: a grande partida no Maracanã. Abel busca o seu primeiro título como treinador, mas o mais importante do que isso, é trazer a sequência e continuidade para o futebol brasileiro. Independente de qual resultado, o treinador deve ficar mais tempo por aqui.