Alguns amigos me perguntaram bastante nessa última semana: “Por que acompanhar o campeonato de Portugal?” Tento aqui explicar um pouco dessa escolha e trazer as partes interessadas no charmoso Portuguesão.

Uma das primeiras coisas que me perguntaram quando decidi acompanhar o futebol português foi: por que logo o futebol português? De certa forma, é totalmente inexplicável: não é um futebol bonito, não é o mais competitivo, nem milionário, nem os principais jogadores da própria seleção jogam por lá. De fato, é tudo verdade, mas é igual quando você reclama da sua irmã. Todo dia você briga, mas no fundo, você ama muito (e não deixa ninguém falar mal, além de você).

Mas brincadeiras à parte, fatalmente não sou o único que acompanha o futebol português. O público do campeonato é, primeiramente, o próprio português. Afinal, acompanhar o futebol nacional do seu próprio país acaba por acompanhar o dia a dia. E para o português é como um ato de resistência.

Além disso, a grande colônia de portugueses espalhados pelo mundo. Seja no Brasil, França, Suíça ou onde quer que seja (acredite, há lusitanos em todo mundo), imigrantes sempre marcam presença acompanhando quando possível.

E talvez o que vocês não esperassem são grupos de empresários. Portugal é uma grande vitrine para colocar jogadores dentro da Europa, seja de captação ou garimpo das grandes ligas. O Wolverhampton talvez seja hoje o principal exemplo. No último jogo da Premier League, o time titular dos Wolves contou com nada mais nada menos que 7(!) portugueses dos 11 jogadores que iniciaram a partida. Interessante também notar que 4 desses jogadores tem abaixo de 23 anos. Alguma coisa boa vem sendo feito na base de Portugal, mas isso é papo para outra análise.

Hoje é o Wolverhampton com os portugueses, mas antes já foi o Chelsea com Ramires, Matic e David Luiz. Nesse último caso, Portugal serviu como vitrine para jogadores de outras nacionalidades que foram “achados” pelos times do campeonato.

Em alguns momentos eu brinco que a trilha ideal do empresário é ter algum jogador na América Latina ou no Leste Europeu e depois vender para um time satélite de Portugal como o Marítimo ou Paços de Ferreira. A partir desse momento, o jogador começa a se destacar nessa vitrine e ser comprado por algum time da tríade: Porto, Benfica ou Sporting, que ao jogarem competições europeias, serão presa fácil para um grande time europeu. Irônico ou não, veja que isso funcionará com diversos jogadores, inclusive brasileiros.

Chego no fim do texto sem contar evidentemente o motivo de ter escolhido o que carinhosamente chamo de Portuguesão. Como um bom português (e também fazendo jus ao nome), fiz um bom rodeio e deixei para o final. Mas a verdade é que herdei, com muito orgulho, essa paixão de meu pai: um famoso português de bigode que quando nervoso, ninguém entende o que sai dali. Desde pequeno ouço com muito carinho grandes histórias, assisti a jogos memoráveis e guardo a lembrança de momentos inesquecíveis da união entre futebol e família, que fazem da liga portuguesa o campeonato mais charmoso do mundo, apesar que alguns digam o contrário.

Eu e meu grande portuga há muitos anos atrás

por Vinícius Rodeio